sábado, 15 de outubro de 2011

Inveja - (Contos Sistinas)



[Do lat. invidia.] S. f. 1. Desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. 2. Desejo violento de possuir o bem alheio. - (escrito em 23/09/02) link original http://sistinas.com.br/sete-pecados-capitais.html



O nome dela era Millie. Já ele não se apresentou. Apenas invadiu a casa dela pouco depois das 23. Tinha a força de muitos homens, e a amarrou indefesa numa cadeira. Enquanto fazia isso, ela murmurou:
-Eu sei o que você é. Eu chamei por você toda minha vida. Você... você é um vampiro, não? Tem algo diferente em você!!!
Ela era linda. Lindíssima. Bem sucedida profissionalmente. Cercada de luxo, amizades fúteis e dinheiro. Mas também era enfadonha demais. E ele nunca tinha ouvido tantos "vocês" numa única frase!
-Ok, baby. Eu sou um vampiro, se isso faz alguma diferença...
-Me transforme! Me transforme! ME TRANSFORME!
Ele limitou-se a rir. Alto. Com gosto. Cheio de ironia, começou a falar, como se precisasse muito disso:
-Sabe por que faço isso com você, putinha? Simplesmente por que eu te invejo. Invejo sua humanidade. Invejo todas as coisas simples que você não dá atenção, mas que se tornaram impossíveis para mim! Respirar, passear de mãos dadas ao Sol, o simples ato de poder cortar o cabelo, as unhas, etc... essas coisas que você deveria VALORIZAR!
Dizendo isso, ele desceu as calças. Millie se assustou. Mais ainda quando ele se aproximou, parou em frente ao rosto dela, e mostrou-lhe o quanto estava duro.
-Ah, sim. Eu abuso sexualmente de minhas vítimas. Me faz sentir como nos dias em que eu ainda era humano. Estranho, não? Eu me sinto mais humano fazendo as piores coisas que um homem normal seria capaz. Será por isso que humanos querem tanto virar vampiros, pela mesma coisa, fazer o que de pior fazemos?? Ah, dane-se! Não sou um filósofo!
Então começou a bater o membro na cara dela. Millie a princípio virou o rosto. Aquilo apesar de ser perfeitamente normal, não tinha lubrificação alguma, e a textura era esquisita. Depois não teve mais como evitar, e ficou sentindo que o cacete dele não latejava, dentre outros detalhes. De vez em quando esfregava o saco nos lábios dela, e a mulher sentia de perto que a carne era fria, roxa e fedia um pouco, parecia embolorada.
-Fala a verdade. Você gosta de levar uma surra de pinto na cara. Sei disso. E também já percebi o quanto você está excitada. Involuntariamente, ou não, mas está. Os bicos de seus seios estão furando sua camisa! Não seja por isso.
O vampiro abriu a camisa dela, rasgando caminho com as unhas, que mais lembravam garras. Os seios livres saltaram, e entre eles...
-Um crucifixo? Pense, pense com todas as suas forças em DEUS! Se você tiver fé o suficiente quem sabe eu não vá embora? Mas, nos dias de hoje, eu pegaria esse crucifixo de sua mão, enquanto você reza, e faria sabe o quê? Enfiaria com toda força nesse seu redondo, macio, grande e convidativo traseiro branquelo!
Millie agora não falava mais. Ele tinha penetrado sua boca, e um gosto estranho começou a incomodar sua língua. Engasgou de repente, só de pensar no que seria.
-Certa vez, há muito tempo atrás, eu ataquei uma religiosa. Ela era muito devota. Ela seguia muitos dogmas, tinha cabelos muito longos, dizia não poder cortá-los, e também tinha as pernas peludas quase como um homem. Mas, mas... por baixo da calcinha dela, eu achei a coisinha mais rosada e depiladinha que já vi! E cheirava a sêmem. O que significava aquilo??
De cabeça baixa, a mulher disse, chorando:
-Não me faça sofrer. E eu não te convidei à minha casa! Por que então está aqui, senão para me transformar numa vampira?
-Convite? Que lenda ridícula! Mesmo que eu precisasse de um mero convite para adentrar seu lar, você o faria sem ao menos perceber. E hoje em dia, cá entre nós, quem é que precisa de convite para entrar na casa, ou mesmo para se deitar na cama alheia? Acredita mesmo que uma criatura sobrenatural se dobraria à uma limitação dessas?
A mulher não respondeu. Fez uma cara de interrogação.
-Ah, me perdoe. Fico aqui contando coisas sobre nossa raça. Aliás, tenho reflexo sim em espelhos, viu? Espelhos, cansei de conversar com eles... Mesmo um amaldiçoado às vezes precisa desabafar. Somos monstros, para que você saiba. Não convide, não se envolva, não admire, não faça acordos com monstros.
O vampiro ameaçou novamente forçá-la a chupar, e Millie virou o rosto, com nojo.
-Um animal, fedorento! Isso é o que você é! Um animal! - gritou.
-Lobos, corujas, morcegos, ratos... Não, confesso que apenas uma vez tentei por uma estupidez momentânea me transformar em animal. Um lobo, cinza e sarnento. E doeu pra caralho! Por que tentar de novo? Só em caso de extrema necessidade. Agora, ratos? Névoa???? Isso é coisa de cinema!
Segurou os cabelos dela, e esfregou lentamente o membro no rosto de Millie. Forçava a entrada na boca. Delineava os lábios, como se fosse um batom profano.
-Ah, e o pior que já ouvi por aí: Não nos dividimos em clãs... Não somos um "clubinho social", que se reúne para discutir as agruras do "mundo vampírico". Quer saber? Em toda a minha pós-vida, eu nunca encontrei outro vampiro. Aliás, eu demorei a perceber que era um vampiro.
Tinha perdido o controle do que fazia enquanto falava. Penetrava a boca de Millie com força. E ela gastava muita saliva nele.
-Quer dizer que você sempre sonhou em ser uma vampira? Acha mesmo que é o dom das trevas? Não tenho um dom para te passar. É uma maldição. Aprenda, não somos belos, somos amaldiçoados!
Quando Millie começou a engasgar de novo, ele sorriu, cínico:
-Sinta o mau cheiro que vem de dentro de mim. Sou um cadáver que anda. Que se recusa a morrer. Às vezes dói, sabia? E demorei a perceber que a dor só passava após beber sangue.
Com a boca cheia, apenas o olhar de Millie falava. Ela arregalou os olhos castanhos, com medo da simples pronúncia... "Sangue".
-Ah, o sangue. Foi bom falarmos nisso... Eu estou aqui pelo seu sangue. - dizendo isso, tirou o pau da boca da mulher, e rasgou habilmente os dois laços que prendiam a calcinha dela. Agora, nua, sentia-se mais ainda indefesa. Estava arrepiada, mas não era de frio. Nem de excitação. Era puro medo.
-Que linda visão. - ele começou, como se a enquadrasse numa foto - Seios na medida certa, curvas cultivadas em academia... que disperdício você "terminar" assim! Mas vamos à aula de anatomia, minha querida? Você não está menstruada, o que é uma pena. Quando bebo o útero que descola das mulheres, me sinto quase que vivo. É um sangue desmorto que sai de seu organismo, mas não se preocupe, não vou abrir seus lábios vaginais e sugá-la, relaxe. Se bem que eu acho que você adoraria!
-Não me mate, por favor...
-Mudou de idéia, vadia? E aquele papo de ser uma vampira? Ser uma vamp é estar morta. É ficar morta. É viver morta! É continuar, sempre e sempre... Mas onde estávamos?
Seu olhar faiscou:
-O sangue. Claro. Ser sugada pode ser agradável, sabia? É como descobrir zonas erógenas durante o sexo. Algumas gostam, outras gostam mais, e outras são viciadas em chupadas de vampiros. Mas de vez em quando dói. Existem três pontos principais: Sua coxa, seu braço, e claro... seu pescoço!
Ele afastou as pernas dela. Millie não sabia mais como parar de tremer.
-Não me apegarei em detalhes, mas existem diferenças entre se beber de artérias e veias. Como se sente, sabendo que é meu prato principal? Que vou violentar você, mulher? Que me alimentarei de seu corpo? Oh, droga, como sou dispersivo. Voltemos à aula. Aqui temos a artéria e a veia femural. Eu mordo aqui - pregou os dentes, fazendo força - e o sangue jorra. Prefiro sim a veia, apesar do sabor da artéria ser inebriante!
Millie sentiu dor, mas ele habilmente começou a masturbá-la durante a mordida. Sua mente ficou confusa, e a dor desapareceu por instantes. Ela até começou a gemer. O vampiro então soltou lentamente um dos braços dela. Lambeu como um gato a parte interna do cotovelo.
-Aqui, onde você tomou um pico semana passada, com aquela sua amiga drogada idiota, é um lugar tentador. O sangue não espirra aqui, ao contrário, pulsa suavemente, e geralmente eu me acabo, me delicio...
A mulher sentia fraqueza agora. Sim, a vida estava indo embora. Sentiu uma unha entrando em seu pulso. Ele subiu lambendo toda a extensão de seu braço, e ficou a beber, agarrado à ela, como o pior viciado.
-E por fim minha deliciosa anfitriã: seu pescocinho. Coisa tão delicada, é perfumado, a pele é sensível ao toque, imagine à um beijo? Basta uma mordida. Mas, é foda que suja tudo! Sim, a pressão sanguínea aqui, na artéria carótida, é muito grande. Espirra longe. E te deixa com aquela cara de bobo que se sujou com o molho de catchup!
Millie já ouvia a voz dele distante demais. Não estava mais consciente de verdade. Tinha perdido muito sangue, as hemorragias pelo corpo todo eram cruéis. Nem força para falar tinha mais.
-Por isso que eu prefiro me ater à jugular! A sua por exemplo, é muito convidativa! Agora Millie, você foi minha última confidente. Sinta-se honrada. Não costumo contar a ninguém tudo o que você ouviu hoje.
Dizendo isso, o vampiro mordeu forte o pescoço dela. A última mordida.

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