segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Luxúria - (Contos Sistinas)



 [Do lat. luxuria.] S. f. 1. Viço ou exuberância das plantas. 2. Incontinência, lascívia; sensualidade. 3. Dissolução, corrupção, libertinagem. - (escrito em 28/09/02)   link original http://sistinas.com.br/sete-pecados-capitais.html



Ele estava ajoelhado, com os pulsos atados. Os braços esticados para frente, pois uma corda grossa e áspera o amarrava ao fim do corrimão da escada.

Seria torturante se não fosse ela. De pé, ao lado dele, se masturbava, deixando a vulva úmida quase ao alcance de sua boca. Ele sentia o doce aroma do sexo dela, que por sua vez usava apenas meias e botas. Nada mais, o corpo descoberto, e cada marquinha de biquíni e tatuagem o excitava mais e mais.

Ela era uma gata malhada, totalmente montada em horas de vaidade e academia, mulher que deixava de lado um dia estressante de trabalho para fazer bronzeamento artificial...

E agora ela estava ali, o dominando. Deixava a mulher no comando apenas algumas vezes. Como nessa noite, apenas mais uma dentre tantas outras regadas a muito sexo. Sua "domme" tinha despejado milho no local onde ele se ajoelhou, ressuscitando talvez algum fantasma de infância dela, sei lá. E para não ser apenas dor, se masturbava com tesão perto do rosto dele.

Quando cansou da masturbação, quis ser lambida e sugada. Aproveitou os braços esticados, e passou uma perna por cima, então literalmente sentou a vagina na cara dele, que se deliciou. Enquanto ela rebolava e esfregava o clitóris na barba mal feita, sentia-se dona daquele homem. Gozou muito só com esse pensamento. Talvez tenha descontado ali alguma frustração sofrida nas mãos de outros machos que a usavam como objeto.

Ele estava cagando e andando para aquelas divagações. Queria comê-la, e ela estava ali. Aberta e entregue. Ótimo!

Algum tempo depois, a situação estava invertida. Ela já tinha tirado as botas, e ele se aproveitou das meias, tinha uma espécie enrustida de fetiche por pezinhos femininos, então literalmente colocou seu pau dentro da meia, "vestindo" seu membro junto ao pé de sua parceira. O roçar suave da meia e a visão de seu objeto de desejo logo o fizeram gozar, e acabou enchendo de porra a meia, melando também os dedos do pezinho dela. Um dos dedinhos aliás era adornado por um anel, presente que ele mesmo dera.

Na verdade, chegou a pensar que aquele anel era o verdadeiro preço dessa trepada fenomenal que estava tendo. Sua amiga era materialista ao extremo, e ele sabia de ocasiões em que tinha se entregado à homens por somas em dinheiro, e outras por um simples jantar sofisticado. Então, a idéia não soava absurda. Estava comendo a mulher de seus sonhos ("uma das", ele se corrigiu logo em seguida) apenas por tê-la cantado e dado um mísero agrado. Foi a vez dele se deliciar com esse pensamento simples e materialista.

Eles estavam exaustos com esses joguinhos, então a penetração em si não foi tão intensa nem tão excitante. Foi tudo mecânico, automático, e os gemidos dela foram todos muito artificiais. Pelo menos ela não errou seu nome nenhuma vez, coisa que lhe daria o direito de aplicar uma porrada muito forte no meio daquele rostinho de putinha de luxo.

Ao fim de um vai-e-vem maçante e burocrático, nem de longe tão excitante quanto sentí-la sentada em sua cara, muito menos que ter gozado no pezinho delicado dela, chegaram ao orgasmo. Ela veio primeiro, gritava e gemia como uma loura de filme pornô americano, e ele gozou logo depois. Tirou a camisinha cheia de esperma, deu um nó e mostrou à ela o quanto de porra tinha lá dentro. Uma bravata que o fazia sentir-se mais macho, nunca soube o porque achava aquilo interessante, mas gostava de observar a reação da parceira. Essa quis provar. Abriu na unha a camisinha, e soltou calmamente o conteúdo nos seios, como se passasse na pele o mais caro hidratante cosmético, esfregando e massageando.

Foi a senha para mais uma rodada de sexo. Ao amanhecer, estavam cansados, consumidos pela luxúria toda daquela madrugada. A despedida foi estranha, a mulher saiu com um beijo apressado, alegando que iria trabalhar, apesar de ser uma linda manhã de sábado.

Ele afundou-se em travesseiros e lençóis com cheiro de sexo, logo após a saída dela. Tinha conseguido mais uma vez, comeu mais uma mulher, e essa ele desejava há tempos. Nunca tinha investido de verdade, mas quando chegou conseguiu, e até que fora relativamente fácil...

Mas, agora, sozinho em seu quarto, roupas espalhadas pelo chão, copos com restos de bebidas misturadas com cinzas de cigarro, por que ele se sentia tão só? Comandava os desejos de todas as mulheres que conhecia, transava com todas elas, mas... Não amava nenhuma delas. E também não era amado, desejado sim, nada mais que isso. Pela primeira vez se incomodou.

Foi tomar banho, carregando consigo um sentimento de vazio que sabia que nunca preencheria...

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